domingo, 9 de março de 2014

José Saramago - memórias.










Por regra, os filhos herdam e perpetuam o apelido dos seus pais. Com Saramago passou-se o inverso. Foi ele que “deu” o nome (apelido) Saramago, ao seu pai José de Sousa.

Por ocasião do seu registo na Golegã, o funcionário, sob os efeitos do álcool e sem que ninguém se tivesse apercebido da “onomástica fraude”, decidiu acrescentar Saramago, alcunha pela qual a família era conhecida na aldeia da Azinhaga, ao nome José de Sousa que o pai pretendia que ele tivesse.  

Foi só aos 7 anos, quando o foram matricular na instrução primária, e sendo necessário apresentar uma certidão de nascimento, que “a verdade saiu nua do poço burocrático”, com grande indignação do pai. “A Lei, severa e desconfiada quis saber por que bulas tinha ele”, que se chamava unicamente José de Sousa, um filho cujo nome completo era José de Sousa Saramago. E José de Sousa não teve outro remédio senão proceder a uma nova inscrição do seu nome passando a chamar-se, também ele, José de Sousa Saramago. Escreve Saramago que supõe “ter sido este o único caso, na história da humanidade, em que foi o filho a dar o nome ao pai”.

É esta uma das histórias que achei interessante e curiosa no livro AS PEQUENAS MEMÓRIAS, o qual, como o nome indica, é um livro de memórias e de histórias sobre os primeiros anos da vida de Saramago, da sua infância e da sua adolescência.

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