Por
regra, os filhos herdam e perpetuam o apelido dos seus pais. Com Saramago
passou-se o inverso. Foi ele que “deu” o nome (apelido) Saramago, ao seu pai
José de Sousa.
Por
ocasião do seu registo na Golegã, o funcionário, sob os efeitos do álcool e sem
que ninguém se tivesse apercebido da “onomástica fraude”, decidiu
acrescentar Saramago, alcunha pela qual a família era conhecida na aldeia da
Azinhaga, ao nome José de Sousa que o pai pretendia que ele tivesse.
Foi
só aos 7 anos, quando o foram matricular na instrução primária, e sendo necessário
apresentar uma certidão de nascimento, que “a verdade saiu nua do poço
burocrático”, com grande indignação do pai. “A Lei, severa e desconfiada quis
saber por que bulas tinha ele”, que se chamava unicamente José de Sousa, um filho cujo nome
completo era José de Sousa Saramago. E José de Sousa não teve outro remédio senão
proceder a uma nova inscrição do seu nome passando a chamar-se, também ele,
José de Sousa Saramago. Escreve Saramago que supõe “ter sido este o único caso,
na história da humanidade, em que foi o filho a dar o nome ao pai”.
É esta uma das
histórias que achei interessante e curiosa no livro AS PEQUENAS MEMÓRIAS, o qual, como o nome indica, é um livro de
memórias e de histórias sobre os primeiros anos da vida de Saramago, da sua
infância e da sua adolescência.
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