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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
sábado, 20 de junho de 2015
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
AS PALAVRAS
As palavras
povoam as horas
os pensamentos
mastigam o cansaço
e o amor
esconde-se
num abraço.
As palavras
enaltecem a pureza
de um coração
retesado em arco
como a pedra
atirada
num charco.
As palavras vêm
de atropelo
zurzir o nosso
encolhimento
como rosto
mordido
pelo vento.
As palavras
ferem, agitam, sibilam
como sirenes a
conspirar no escuro.
Com palavras se
projectam os homens
Num muro.
As palavra
extremaram a história
multiplicaram-se
como pedras pelo chão
mas há lá maior
força
do que dizer
NÃO!
JReis
(2002)
terça-feira, 20 de maio de 2014
"Início"...
Início
Desta
página em diante
Vou
amar-te poesia.
E
o meu amor será
Esperança
de vinho em mosto
Lágrima
de suor…
Sem rosto.
João Reis
domingo, 27 de abril de 2014
Hoje, morreu o poeta e escritor Vasco Graça Moura
O poeta e escritor, Vasco Graça Moura, de 72 anos, dirigia o Centro Cultural de Belém, desde janeiro de 2012.
quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.
quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não
tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.
Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.
quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não
tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.
Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"
sexta-feira, 25 de abril de 2014
sexta-feira, 4 de abril de 2014
sábado, 29 de março de 2014
"(...) o leitor de poesia tem, em geral, os olhos mais brilhantes."
Aberto ou cerrado,
o poema exige a abolição do poeta que o escreve
e o nascimento do poeta que o lê.
Octavio Paz
'Le temps des poètes'. Giclée Art Print by Sandrine Pagnoux
Notícias sobre a Poesia:
Em Portugal são publicados em média
400 livros por ano
Raquel Ramalho Lopes/ Manuel dos Santos/ Rui Silva/ Luís Moreira21 Mar, 2014, 10:37 / atualizado em 21 Mar, 2014, 11:45
quinta-feira, 27 de março de 2014
CIÊNCIA E POESIA
E de repente fez-se luz!
E toda a energia se
manifestou
Entre a amálgama de
coisas,
Criadas
instantaneamente.
Fez-se luz e tudo
acordou,
Reverberando
assimptoticamente,
Até tudo se começar a
parecer com tudo.
Então toda a criação
rejubilou em cascatas de eventos,
Lentamente forjando a realidade pelos
espaços.
Quando surgiu o negro já
tudo estava fadado…
Hélio Pinto
POESIA E CIÊNCIA
O passado o
presente e o futuro
São
entidades abstractas que nada significam
O
tempo apenas existe enquanto o espaço existe
Antes
do espaço o nada
O
eterno nada que compõe todo o Universo
Tornando a sua
existência completa
Hélio Pinto
quarta-feira, 26 de março de 2014
terça-feira, 25 de março de 2014
RETÉM...
Deixe-se contagiar pelas "palavras dançantes" de Jerónimo Nogueira
ANDANÇAS
"dançar é andar contente por ente gente"
Jerónimo Nogueira
perene
perene
na dança
teu
corpo balança
táctil
musical
sigo-te
felino
trilhando
teu tino
no
sino areal…
fizeste-me
feiticeiro
surgida
de sem saber
segredas
o teu luzeiro
acenas
sem ninguém ver
e no
terreiro das danças
brincamos
como crianças
felizes
de assim ser…
bailação
a
bailar tu se me dê
tu se
me dê encantada
e no
talento se crê
para
lá do que se vê
outra
vida ser dançada…
sábado, 22 de março de 2014
MÁRIO DE SÁ CARNEIRO
O João Reis enviou esta relíquia...
Apoteose
Mastros quebrados, singro num mar d'Ouro
Dormindo fôgo, incerto, longemente...
Tudo se me igualou num sonho rente,
E em metade de mim hoje só móro...
São tristezas de bronze as que inda choro -
Pilastras mortas, marmores ao Poente...
Lagearam-se-me as ânsias brancamente
Por claustros falsos onde nunca óro...
Desci de mim. Dobrei o manto d'Astro,
Quebrei a taça de cristal e espanto,
Talhei em sombra o Oiro do meu rastro...
Findei... Horas-platina... Olor-brocado...
Luar-ânsia... Luz-perdão... Orquideas pranto...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
- Ó pantanos de Mim - jardim estagnado...
Mário de Sá-Carneiro, in 'Indícios de Oiro'
Dormindo fôgo, incerto, longemente...
Tudo se me igualou num sonho rente,
E em metade de mim hoje só móro...
São tristezas de bronze as que inda choro -
Pilastras mortas, marmores ao Poente...
Lagearam-se-me as ânsias brancamente
Por claustros falsos onde nunca óro...
Desci de mim. Dobrei o manto d'Astro,
Quebrei a taça de cristal e espanto,
Talhei em sombra o Oiro do meu rastro...
Findei... Horas-platina... Olor-brocado...
Luar-ânsia... Luz-perdão... Orquideas pranto...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
- Ó pantanos de Mim - jardim estagnado...
Mário de Sá-Carneiro, in 'Indícios de Oiro'
http://cvc.instituto-camoes.pt/literatura/sacarneiro.htm
Resistência ao vivo - Fim
sexta-feira, 21 de março de 2014
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN...
Como ela própria afirmou:
"(...) Eu posso dizer que escrevo para transformar o mundo. Eu penso que a poesia deve transformar o mundo!"
1919-2004
Este é o tempo
Este é o tempo...
Da selva mais obscura
Até o ar se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura
Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura
Este é o tempo em que os homens renunciam.
in Mar Novo, (1972)
INSCRIÇÃO
Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto do mar
Sophia de Mello Breyner Andresen
Mar
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
|
Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia I
https://www.youtube.com/watch?v=3JA7lxeovVY
https://www.youtube.com/watch?v=-h5CyQWMriQ
AS PESSOAS SENSÍVEIS
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
LUÍS DE CAMÕES
http://cvc.instituto-camoes.pt/literatura/camoes.htm

- Amor é Fogo que Arde sem se Ver - Luís de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões

JOSÉ RÉGIO

http://cvc.instituto-camoes.pt/poemasemana/04/01.html
Cântico Negro - José Régio
Cântico Negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio
http://cvc.instituto-camoes.pt/poemasemana/04/01.html
EUGÉNIO DE ANDRADE
O Sorriso - Eugénio de Andrade
O Sorriso
Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugénio de Andrade
Adeus - Eugénio de Andrade
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
DIA MUNDIAL DA POESIA
Viva a Poesia...
«É na nossa poesia que se encontra isso que os políticos tão afanosamente buscam: a nossa identidade»
Eugénio de Andrade
quinta-feira, 20 de março de 2014
FLORBELA ESPANCA
A melhor definição de poeta...
Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendos
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)
Ser Poeta - Florbela Espanca
GRUPO
Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendos
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)
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