quinta-feira, 23 de outubro de 2014

AUTORETRATO



Para quê os olhos

nas alcovas das faces

a cheirar a maresia.

Olhos quadrados, a espreitar

as flores na multidão.

Olho-de-café

olho negro

a subir em espiral.

E para quê o tapete de cabelo

a pensar as nuvens

de longe interrogadas

em alegrias premeditadas

auscultando do vento

ruídos da guerra

se tudo há-de ser novamente

semente à terra.
                                                    JReis
                                                    1983

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