sábado, 29 de novembro de 2014

Há números que metem medo e provocam arrepios. São números que desde a Antiguidade são considerados nefastos, números que se acredita atraírem o azar ou que, por surgirem situações apocalíticas inspiram receio universal.






O número  13  


"...É curioso verificar que, dependendo do ponto de vista geográfico e da cultura, o mesmo número pode ser nocivo e temido ou, pelo contrário, pode ser considerado como o número da sorte e portador das mais diversas graças. É isto que acontece com o número 13. Para algumas pessoas (normalmente ocidentais) é um número adverso; para outras é o número da sorte, um excelente talismã que trazem gravado numa pequena medalha.

A Antiguidade greco-latina sentia um certo desamor pelo número 13 porque se seguia ao 12, que se associava à finalização. O número 13, no entanto, era o número sagrado dos mexicanos e do povo do Iucatão.

Os antigos hebreus não consideravam o treze como número azarento; parece que essa qualidade nasceu a partir da condenação de Judas depois da última ceia, pois Jesus e os seus apóstolos somavam doze e a décima terceira pessoa, Judas, revelou ser um traidor...

...Muitos ocidentais renunciariam a comer se tivessem de o fazer numa mesa constituída por treze comensais. Como exemplo, nada melhor do que a seguinte história:  
Victor Hugo, o célebre escritor francês, depois de ter sido convidado para um jantar de gala, apercebeu-se de que o número de comensais era treze. Então, em vez de se sentar à mesa, declarou aos presentes: "Queridos amigos, há uma pessoa supersticiosa que não se vai sentar à mesa enquanto o número dos presentes for treze". Um dos convidados perguntou: "E quem é esse imbecil?" Victor Hugo respondeu: "Esse imbecil sou eu".  Também se diz que a rainha Isabel II de Inglaterra, quando viaja, examina atentamente os planos de voos, entrevistas e actos protocolares para ter a certeza que neles não figura o número 13.

O Décimo Quarto Comensal
Nestor Roqueplan (1804-1870), redator chefe do Le Fígaro, não era apenas um dandy  que cultivava a mais refinada elegância. Levou uma intensa vida social, sempre convidado para jantares e festas, mas tinha um segredo para ser tão querido. No seu cartão de visita, por baixo do nome, onde deveria figurar a sua profissão de jornalista, aparecia a menção: "Décimo quarto". 
Oferecia-se , assim, para ser convidado para qualquer reunião ou mesa de treze convidados.

Um caso de medo do 13 na Literatura
Na obra de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, aparece a seguinte passagem:
"Contou-me que o marido ia recusar a nomeação por um motivo que lhe contou só a ela, pedindo-lhe o maior segredo; não podia confessá-lo a mais ninguém.
- É pueril - dissera-lhe-, é ridículo; mas, ao fim e ao cabo, para mim, é um motivo muito forte.
E contou-lhe que o decreto estava datado de 13 e que esse número evocava nele uma recordação funesta. O pai tinha morrido num dia 13, treze dias depois de uma refeição com treze comensais. A casa em que a mãe tinha morrido tinha o número 13. Etc. Era um número fatídico. Não podia alegar isto perante o ministro; dir-lhe-ia que tinha razões pessoais para não aceitar...

No tarô, a carta número 13 corresponde à "Morte".
Assinalemos, para finalizar, algumas consequências práticas do temor reverencial em relação a este número: as companhias aéreas Iberia e Alitalia não têm a fila 13 de assentos em nenhum dos seus aviões; A Renault desenhou os seus modelos de automóveis dos números 3 ao 21, omitindo o modelo 13; em muitas cidades ocidentais não existe em nenhuma rua o nº13; o 13 está igualmente proibido em muitos hotéis, que o omitem na numeração dos quartos....."



Garcia del Cid

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