domingo, 19 de abril de 2015

A propósito...


do estudo d' Os Lusíadas

A dor feminina sempre presente, no momento da partida das naus...




Praia das Lágrimas

Ó mar salgado
eu sou só mais uma
das que aqui

choram e te salgam a espuma.

Ó mar das Trevas que somes galés
meu pranto intenso
engrossa as marés.

Ó mar da india
lá nos teus confins
de chorar tanto
tenho dores nos rins.

Choro nesta areia
salina será
choro toda a noite
seco de manhã.

Ai ó mar Roxo
ó mar abafadiço
poupa o meu homem
não lhe dês sumiço.

Que sol é o teu
nesses céus vermelhos
que eles partem novos
e retornam velhos.

Ó mar da calma
ninho do tufão que é do meu amor
 seis anos já lá vão.

Não sei o que os chama
aos teus nevoerios
será fortuna
ou bichos-carpiteiros.

Ó mar da China
Samatra e Ceilão
não sei que faça
sou viuva ou não.

 Não sei se case
notícias não há
será que é morto
ou se amigou por lá.
 
                Carlos Tê, Auto da Pimenta

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