quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Sorrisos e palavras

 
 
Sorrisos e palavras
 No seguimento da celebração do dia Internacional da Língua Portuguesa , o nosso «Chá das Letras» no dia seis  de novembro, ganhou outras cores, outros sons e formas, para lembrar os sítios em que o português se transformou no amor de outras gentes. Por isso, os poemas ditos vieram de África, nas vozes de José  Craveirinha (Moçambique) e Ovídio Martins (Cabo Verde).
O  «único impossível» seria não amar  a  poesia com «música verdadeira », ao ritmo da
«fraternidade  das palavras» que  dançaram livre, no  espaço da BE. 

 As palavras…

 
A FRATERNIDADE DAS PALAVRAS

 



O céu

É uma m’benga

Onde todos os braços das mamanas

Repisam os bagos de estrelas.
 

Amigos : 

 As palavras mesmo estranhas

Se têm música verdadeira

Só precisam de quem as toque                                 

Ao mesmo ritmo para serem

Todas irmãs.
 
E eis que num espasmo

De harmonia como todas as coisas

palavras rongas e algarvias ganguissam

neste satanhoco papel

e recombinam em poema.

(Karingana ua Karingana,1974)

 

 

 

O único impossível

Mordaças

A um poeta?  

Loucura!


E por que não

 Fechar na mão uma estrela

O universo num dedal?

Era mais fácil       

Engolir o mar

Extinguir o brilho aos astros.
 

Mordaças

 A um poeta?

Absurdo!

E por que não

Parar o vento

Travar todo o movimento?

Era mais fácil deslocar montanhas com uma flor

Desviar cursos de água  com um sorriso

Mordaças

    A um poeta?

Não me façam rir!...

Experimentem primeiro

Deixar de respirar

Ou rimar … mordaças

Com Liberdade. (Ovídio Martins, 100 poemas, 1974)
 
e os sorrisos...

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