Sorrisos e palavras
No seguimento da celebração do dia
Internacional da Língua Portuguesa , o nosso «Chá das Letras» no dia seis de novembro, ganhou outras cores, outros sons
e formas, para lembrar os sítios em que o português se transformou no amor de
outras gentes. Por isso, os poemas ditos vieram de África, nas vozes de José Craveirinha (Moçambique) e Ovídio Martins
(Cabo Verde).
O «único impossível» seria não amar a
poesia com «música verdadeira », ao ritmo da
«fraternidade das palavras» que dançaram livre, no espaço da BE.
As palavras…
A FRATERNIDADE DAS PALAVRAS
O céu
É uma m’benga
Onde todos os braços das mamanas
Repisam os bagos de estrelas.
Amigos :
As
palavras mesmo estranhas
Se têm música verdadeira
Só precisam de quem as toque
Ao mesmo ritmo para serem
Todas irmãs.
E eis que num espasmo
De harmonia como todas as coisas
palavras rongas e algarvias ganguissam
neste satanhoco papel
e recombinam em poema.
(Karingana ua
Karingana,1974)
Mordaças
A um poeta?
Loucura!
E por que não
Fechar na mão uma estrela
O universo num dedal?
Era mais fácil
Engolir o mar
Extinguir o brilho
aos astros.
Mordaças
A um poeta?
Absurdo!
E por que não
Parar o vento
Travar todo o
movimento?
Era mais fácil
deslocar montanhas com uma flor
Desviar cursos de
água com um sorriso
Mordaças
A um poeta?
Não me façam rir!...
Experimentem primeiro
Deixar de respirar
Ou rimar … mordaças
Com Liberdade. (Ovídio Martins, 100 poemas, 1974)
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