ainda que não se saiba a quê ou se esse quê existe
A nossa liberdade nasce de uma incerta radical
e a sua metamorfose é a invenção de um espaço
de correspondências que visam uma esfera inviolável
Nunca sabemos mas precisamos de desenhar a forma de um caminho
que vai até ao extremo do silêncio e reflui para o espaço
das nossas vidas sonâmbulas e incertas
e que nos abre o peito para uma respiração de estrelas vivas
embora continuemos a deambular no deserto
O silêncio do tempo diz-nos que é a única realidade
e que ela nos conduz à degradação e à morte
mas a ingénua energia de desejo impele-nos cada dia
a procurar a tranquila liberdade de um equilíbrio novo
no espaço da palavra dentro do incessante círculo do tempo
António Ramos Rosa
Génese seguido de ConstelaçõesLisboa, Roma Editora, 2005
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