domingo, 21 de março de 2021

No dia Mundial da Poesia, louvemos o maior dramaturgo do séc. XX, Bernardo Santareno, durante as comemorações do centenário do seu nascimento.

 



Contas para um Rosário Negro



As minhas mãos e as tuas,
ansiosas de amor,
venceram a distância:
Fizeram-se nuvens livres
com longos dedos de brisa,
cruzaram oceanos
e... quase chegaram,
quase se tiveram!...

Uma lágrima tua,
uma só,
as separou.


Poema Contas para um Rosário Negro, de Bernardo Santareno




Biografia


Bernardo Santareno é o pseudónimo literário de António Martinho do Rosário. Nasceu em Santarém a 18 de Novembro de 1920 e faleceu em Lisboa a 29 de Agosto de 1980. Licenciou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra.

Exerceu medicina, Psiquiatria, que conciliou, durante anos, com a escrita. Começou por escrever poemas, mas foi no teatro que se notabilizou, tendo alcançado, desde a sua estreia nos anos sessenta, um papel de primeiro plano no teatro português. É considerado o mais importante dramaturgo português do séc. XX.


"Entre registos realistas, de tonalidade mais naturalista ou com traços épicos, a sua escrita foi essencialmente de denúncia, atenta à realidade do país e visando uma consciência social, o que lhe valeu a proibição de algumas das suas peças e a perseguição pelo regime salazarista." (1)


Da sua obra publicada constam livros de poesia: A morte na raiz (1954), Romance do mar (1955) e Os olhos da víbora (1957); textos de/para teatro: 1957: Teatro: Vol. I: A promessa, O bailarino, A excomungada, 1959a: O crime da Aldeia Velha, 1959b: O Lugre, 1960: António Marinheiro (o Édipo de Alfama), 1961a: Os anjos e o sangue, 1961b: O duelo, 1961c: O pecado de João Agonia | Irmã Natividade, 1962: Anunciação,1966: O Judeu, 1968: O inferno, 1969: A traição do Padre Martinho, 1974: Português, escritor, 45 anos de idade, 1974: Os vendedores de esperança, 1974: A guerra santa e O milagre das lágrimas, 1974: O Senhor Silva (renomeado primeiro Na berma da estrada e, mais tarde, Monsanto, 1979: Os marginais e a revolução: Restos, A confissão, Monsanto, Vida breve em três fotografias, 1980: O punho.


A sua obra está reunida em: SANTARENO, Bernardo (1984-1987). Obras completas (org. Luiz Francisco Rebello). Lisboa: Caminho, 4 volumes.




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