domingo, 25 de abril de 2021

Liberdade, sempre! " A minha vida é o mar o abril a rua"




Poema                    


A minha vida é o mar abril a rua 
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita

Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará

Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento

A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto

Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento

E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada


                                                Sophia de Mello Breyner Andresen

Lutemos pela liberdade, sempre!





 

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Bernardo Santareno no centro da Escola

 


No "Dia Mundial do Livro", fazemos uma justa homenagem a Bernardo Santareno, considerado o maior dramaturgo do século XX.








No ano em que se comemora o centenário de Bernardo Santareno, considerado o maior dramaturgo do século XX, a nossa Biblioteca Escolar, em conjunto com as nossas escolas parceiras  da "Humaniza+ação - Escola Feliz- Criadores de Futuro", propõe a leitura, em voz alta, de alguns excertos do seu livro Nos Mares do Fim do Mundo.

 Desta obra marcante, esgotada durante décadas, selecionámos algumas crónicas, que se encontram nos "destaques" do "Repositório de Leitura" da Biblioteca Digital (: https://esfb.sharepoint.com/bib/sub2) , prontas para serem lidas, entusiasticamente, por todos vós. 

A BE conta, como sempre, convosco, na divulgação, junto dos nossos alunos, da vida e obra do grande Santareno, o escritor dos valores universais. 

Grata saudação literária, "para além dos olhos..." 

                                                                 Maria João Martins
                                                             (Professora Bibliotecária)


Sinopse da obra





Iniciativas no "Dia Mundial do Livro"







No Dia Mundial do Livro, 23 de abril, a iniciativa ManiFESTA-te pela Leitura regressa, em formato online, quebrando as barreiras físicas e incentivando à participação de todos na Marcha pela Leitura.

A primeira manifestação aconteceu em 2019, com encontro na Praça Luís de Camões, onde os manifestantes se juntaram e exibiram palavras de ordem para lembrar a importância do livro e da leitura.

Este ano o ManiFESTA-te pela LEITURA está de volta, convidando todos a fazerem parte desta marcha virtual. Descarregue ou capture as imagens dos nossos cartazes, disponíveis nas redes sociais e no Portal do PNL2027 (C1/C2/C3/ C4), escreva as suas palavras de ordem e partilhe-os nas redes, com a identificação @pnl2027 e #manifestatepelaleitura.

Neste contexto de celebração, veja ainda os 10 vídeos com leituras feitas por mediadores culturais que o PNL2027 preparou para si – Se tu Lesses o que eu Li, uma proposta concretizada pela Andante e entretecida com as vozes e os corações de Ana Sofia Paiva, Andreia Brites, Cristina Paiva, Cristina Taquelim e Elsa Serra. Os seus livros, as suas leituras, as suas paixões.

Às 14.30h, o Encontro em Linha com Escritores recebe Mia Couto, autor moçambicano amplamente reconhecido, com quem vamos animar, mais uma vez, os Clubes de Leitura nas Escolas. O Encontro dirige-se aos alunos do Ensino Secundário e será transmitido no Youtube do PNL2027.

A fechar o Programa do Dia Mundial do Livro, venha Falar de Livros, uma conversa às 16.30h com Cristina Ovídio, da Livraria Menina e Moça; António Vaz Pato, estudante do Ensino Superior; Diogo Madre de Deus, da Editora Cavalo de Ferro, Teresa Calçada, Comissária do PNL2027, e João Costa, Secretário de Estado Adjunto e da Educação.

Divulgue e participe!

Dia 23 #manifestatepelaleitura @pnl2027

Cumprimentos,

Teresa Calçada

terça-feira, 20 de abril de 2021

Recursos educativos sobre Bernardo Santareno, no ano dos 100 anos do seu aniversário

 


O Cerco (1970) - Entrevista Bernardo Santareno


Fonte: Youtube

Visionem os documentários «Mulheres em Portugal»!








Qual é hoje o retrato da condição feminina no país? Através das histórias de vida de oito mulheres, este novo documentário revela o caminho percorrido pelas mulheres em Portugal nos últimos 40 anos.

Em dois episódios, um olhar sobre avanços e conquistas, mas também sobre as desigualdades que se mantém: profissionais e salariais, o trabalho não pago ou a violência doméstica.

Um retrato das mulheres em Portugal em 2021 e do futuro que queremos construir. Uma co-produção da Fundação com a RTP, com narração de Carlos Daniel.

Hoje, 19 de Abril, 21h, na RTP1
Emissão da primeira parte «Mulheres em Portugal»


Dia 22 de Abril, 21h, na RTP1
Emissão da segunda parte «Mulheres em Portugal»

Fonte: Fundação Manuel dos Santos


sexta-feira, 9 de abril de 2021

As Pessoas Sensíveis...


As Pessoas Sensíveis


As pessoas sensíveis não são capazes 
De matar galinhas 
Porém são capazes 
De comer galinhas 

O dinheiro cheira a pobre e cheira 
À roupa do seu corpo 
Aquela roupa 
Que depois da chuva secou sobre o corpo 
Porque não tinham outra 
O dinheiro cheira a pobre e cheira 
A roupa 

Que depois do suor não foi lavada 
Porque não tinham outra 

«Ganharás o pão com o suor do teu rosto» 
Assim nos foi imposto 
E não: 
«Com o suor dos outros ganharás o pão» 

Ó vendilhões do templo 
Ó construtores 
Das grandes estátuas balofas e pesadas 
Ó cheios de devoção e de proveito 

Perdoai-lhes Senhor 
Porque eles sabem o que fazem. 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Livro Sexto" (2.ª Ed. 1964)

Eis a sugestão de leitura para o fim de semana... Conto "O Largo" de Manuel da Fonseca


No Largo, o “centro do mundo”,  adormece um passado, onde havia vida, alegria, convívio e harmonia entre todas as pessoas. Porém, o progresso chegou, trazendo o comboio e a rádio, que alteraram, completamente, os hábitos das pessoas. Quem permaneceu no largo?  Vamos saber?!

Leiam este conto fantástico...!


O Largo  


 


Antigamente, o Largo era o centro do mundo. Hoje, é apenas um cruzamento de estradas, com casas em volta e uma rua que sobe para a Vila. O vento dá nas faias e a ramaria farfalha num suave gemido, o pó redemoinha e cai sobre o chão deserto. Ninguém. A vida mudou-se para o outro lado da Vila.

O comboio matou o Largo. Sob o rumor do rodado de ferro morreram homens que eu supunha eternos. O senhor Palma Branco, alto, seco, rodeado de respeito. Os três irmãos Montenegro, espadaúdos e graves. Badina fraco e repontão. O Estróina, bêbado, trocando as pernas, de navalha em

punho. O Má Raça, rangendo os den­tes, sempre enraivecido contra tudo e todos. O lavra­dor de Alba Grande, plantado ao meio do Largo com a sua serena valentia. Mestre Sobral. Ui Cotovio, rufião, de caracol sobre a testa. O Acácio, o bebedola do Acácio, tirando retratos, curvado debaixo do grande pano preto. E, lá ao cimo da rua, esgalgado, um homem que eu nunca soube quem era e que aparecia subitamente à esquina, olhando cheio de espanto para o Largo.