domingo, 16 de março de 2014

DEIXE A POESIA ENTRAR NA SUA VIDA... E VERÁ A DIFERENÇA...



SELECÇÃO DE POEMAS PARA AS ATIVIDADES PREPARATÓRIAS, NA BIBLIOTECA ESCOLAR, NO ÂMBITO DA FESTA DA POESIA

A melhor definição de poeta...


Ser Poeta - Florbela Espanca





 Pluma Caprichosa - Alexandre O'Neill

nsina.rtp.pt/artigo/alexandre-oneill-poesia/



 Adeus - Eugénio de Andrade






 Alguma proposições com Pássaros- Rui Belo
http://www.youtube.com/watch?v=46VWzxCArMA


                                                  

- Amor é Fogo que Arde sem se Ver - Luís de Camões






 Aprende a Falar diz a Rosa - Manuel Gusmão


aprende a falar - diz 
a rosa: escreve de noite   
e que o meu múltiplo sol 
te guie inúmeros 
os caminhos. põe-te numa sala 
com a luz apagada 
onde chegue acesa 
a de uma outra, e 
frágil, 
ao papel que para ela 
voltas. então, falas 
das paixões, da pétala 
que cai no interior 
do coração 
e navega na sombra do 
sangue, 
de assombro 
em 
assombro. 


Manuel Gusmão 
 Avé Marias- Cesário Verde



 Cabril - Jorge de Sousa Braga

https://www.youtube.com/watch?v=RyxPO61l448






Cântico Negro - José Régio








 Cantiga, Partindo-se, João Roiz de Castelo-Branco



Cartas de Amor, Álvaro de Campos






 Dilema- António Cícero



Dispersão - Mário de Sá -Carneiro




E por vezes, David Mourão-Ferreira





Há-de Flutuar uma Cidade - Al Berto




Libera-me- Carlos Queirós



Ficheiro:Carlos queiroz.jpg"Livrai-me, Senhor                                              
De tudo o que for
Vazio de amor.

Que nunca me espere
Quem bem não me quer

Livrai-me também
De quem me detém
E graça não tem.

E mais de quem não
Possui nem um grão
De imaginação."

Lisboa Revisited- Álvaro de Campos


Nada fica de Nada - Ricardo Reis

Não sei de Amor senão- Manuel Alegre


“Não sei de Amor senão”

“Não sei de amor senão o amor perdido
o amor que só se tem de nunca o ter
procuro em cada corpo o nunca tido
e é esse que não pára de doer.
Não sei de amor senão o amor ferido
de tanto te encontrar e te perder.

Não sei de amor senão o não ter tido
teu corpo que não cesso de perder
nem de outro modo sei se tem sentido
este amor que só vive de não ter
o teu corpo que é meu porque perdido
não sei de amor senão esse doer.

Não sei de amor senão esse perder
teu corpo tão sem ti e nunca tido
para sempre só meu de nunca o ter
teu corpo que me dói no corpo ferido
onde nunca deixou nunca de doer
não sei de amor senão o amor perdido.

Não sei de amor senão o sem sentido
deste amor que não morre por morrer
o teu corpo tão nu nunca despido
o teu corpo tão vivo de o perder
neste amor que só é de não ter sido
não sei de amor senão esse não ter.

Não sei de amor senão o não haver
amor que dure mais do que o nunca tido.
Há um corpo que não para de doer
só esse é que não morre de tão perdido
só esse é sempre meu de nunca o ser
não sei de amor senão o amor ferido.

Não sei de amor senão o tempo ido
em que amor era amor de puro arder
tudo passa mas não o não ter tido
o teu corpo de ser e de não ser
só esse meu por nunca ter ardido
não sei de amor senão esse perder.

Cintilante na noite um corpo ferido
só nele de o não ter tido eu hei-de arder
não sei de amor senão amor perdido.

Manuel Alegre

de Nevoeiro -  Fernando Pessoa
 NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!


 Noutros Lugares -  Jorge de Sena




NOUTROS LUGARES 


Não é que ser possível ser feliz acabe,
quando se aprende a sê-lo com bem pouco.
Ou que não mais saibamos repetir o gesto
que mais prazer nos dá, ou que daria
a outrem um prazer irresistível. Não:
o tempo nos afina e nos apura:
faríamos o gesto com infinda ciência.
Não é que passem as pessoas, quando
o nosso pouco é feito da passagem delas.
Nem é também que ao jovem seja dado
o que a mais velhos se recusa. Não.

É que os lugares acabam. Ou ainda antes
de serem destruídos, as pessoas somem,
e não mais voltam onde parecia
que elas ou outras voltariam sempre
por toda a eternidade. Mas não voltam,
desviadas por razões ou por razão nenhuma.

É que as maneiras, modos, circunstâncias
mudam. Desertas ficam praias que brilhavam
não de água ou sol mas de solta juventude.
As ruas rasgam casas onde leitos
já frios e lavados não rangiam mais.
E portas encostadas só se abrem sobre
a treva que nenhuma sombra aquece.

O modo como tínhamos ou víamos,
em que com tempo o gesto sempre o mesmo
faríamos com ciência refinada e sábia
(o mesmo gesto que seria útil,
se o modo e a circunstância persistissem),
tornou-se sem sentido e sem lugar.

Os outros passam, tocam-se, separam-se,
exatamente como dantes. Mas
aonde e como? Aonde e como? Quando?
Em que praias, que ruas, casas, e quais leitos,
a que horas do dia ou da noite, não sei.
Apenas sei que as circunstâncias mudam
e que os lugares acabam. E que a gente
não volta ou não repete, e sem razão, o que
só por acaso era a razão dos outros.

e do que vi ou tive uma saudade sinto,
feita de raiva e do vazio gélido,
não é saudade, não. Mas muito apenas
o horror de não saber como se sabe agora
o mesmo que aprendi. E a solidão
de tudo ser igual doutra maneira.
E o medo de que a vida seja isto:
um hábito quebrado que se não reata,
senão noutros lugares que não conheço.

Jorge de Sena (1967)



 O Funcionário Cansado -  António Ramos Rosa





2 comentários:

  1. Agradeço o facto de se lembrarem do poeta António Ramos Rosa o qual foi quase totalmente esquecido nos últimos anos de vida...

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  2. Agradeço o facto de se lembrarem do poeta António Ramos Rosa o qual foi quase totalmente esquecido nos últimos anos de vida...

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