LEIA E DELEITE-SE COM OS POEMAS DO POETA
JOÃO REIS
Maravilhem-se...
Obrigada, João Reis!
Obrigada, João Reis!
As noites de Inverno são frias
Como as cordas que me prendem à vida.
As sombras vagas, esguias
Como ramos de árvore ferida.
Os braços que estendo são quentes
Escravos da tua boca cerrada.
Quando falas sabem que mentes
Se perguntam, não dizes nada.
Os tristes dias que deslizam
Escorrendo por entre os meus dedos
Existem, não se realizam
Só me trazem novos segredos.
Meus olhos suspensos, vidrados
Não se cansam de encontrar
Os sonhos todos sonhados
As lutas sempre a acabar.
JReis
1968
Agora
como pedra a despertar do frio
para o sofrimento dos homens
em sapatos cambados
em cotovelos
com ângulos de escuridão
quem és tu que não trazes o sol
dormitando de tédio nas mãos
que chegue para apagar a teia gelada
que a Morte cismou à minha volta?
JReis
1969
Não sou culpado do mar
nem a lua me atravessa.
Não sou culpado dos sonhos
não há sol que me despeça.
Não sou culpado da dor
não arraso firmamentos.
Tenho contrato fechado
com a rosa-dos-ventos.
Não sou culpado do corpo
nem me escondo da tormenta.
Não sou sequer a cadeira
em que o amor se senta.
Não sou culpado dos ossos
que me obrigam a roer.
Não sou culpado da morte
mas convertido a viver.
Não sou culpado da música
que a minha boca assobia.
“Mea culpa” é ter nascido
algum dia.
JReis
1974
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