UM SÉCULO…
…MEIO SÉCULO
Neste
ano em que é comemorado o centenário da "Fonseca", onde regressei há cerca de
quatro anos como professor, dá-se o acaso de comemorar os meus cinquenta anos da
minha entrada nesta escola como aluno.
Lembrei-me
então de reviver esses anos a partir de 1964 e de os dar a conhecer a todos
(grande parte dos quais ainda nem seria, provavelmente, habitante deste
planeta).
Tinha
concluído o então Ciclo Preparatório na Escola Manuel da Maia, morava junto à
Calçada da Estrela, e, o meu transporte passou
a ser num destes…o “38”, da Estrela ao Calvário |
A escola era assim…
…e o Curso era o Industrial de Montador Rádio Técnico, “raridade” que só existia, à data da minha entrada, para além da "Fonseca", na Casa Pia, em Belém, e, na Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto. E ainda tinha particularidades como, ser de 4 anos (todos os outros cursos industriais eram de 3…), e ser necessário ter uma certa média na nota de Matemática do Ciclo para nele se conseguir ingressar.
Sem quere ser “aborrecido”, vou enumerar as disciplinas que tive de frequentar durante esses quatro anos:
De
carácter geral:
- Português; Inglês; Matemática;
Elementos de Física e Química.
De
cariz técnico:
- Elementos de
Electricidade; Noções de Electrónica: Matemática Aplicada; Princípios de
Telecomunicações; Tecnologia Mecânica;
Tecnologia de Rádio; Legislação e Segurança; Desenho de Construções Mecânicas;
Desenho Esquemático.
Na área
laboratorial:
- Laboratórios de Electricidade; de Medidas; de Rádio.
Na área oficinal:
- Oficinas de Serralharia; de Electricidade; de Rádio Montagem; de Rádio
Reparação.
Uff…
Desculpem se os incomodei com a descrição, mas o incómodo foi maior para mim
que as tive de fazer todas… E, naquele tempo, todas tinham, obrigatoriamente,
um exame final… a não ser que se obtivesse nelas uma média igual ou superior a
14 valores, que nos dispensava de tal obrigação.Mas há que recordar alguns dos professores que por lá trabalhavam. Os "mestres” Caldeira e Mourinho, nas Oficinas de Serralharia, que nos “obrigavam” a um ritual fatal como o destino. O de, nas aulas dos Sábados de manhã (não, não é engano meu… havia mesmo aulas ao Sábado…), por sermos a última turma a ter aulas, vermos a caderneta ser aberta, aleatoriamente, nas folhas de dois ou três infelizes alunos a quem caberia a tarefa de limpar todo o espaço oficinal… E de que forma tal limpeza era efectuada. Após serem estrategicamente colocados lenços sobre a boca e nariz, era espalhada por todo o pavimento serradura molhada contida nuns “levíssimos” baldes, para não ser levantado pó aquando da varredura que finalizava o serviço! Gostava de ver os nossos alunos de hoje serem solicitados para isto… Mas, regressando à recordação dos professores que tivemos, referirei o Dr. Salvado Sampaio em Português, o Eng. Carmona Pessoa em Matemática Aplicada ( da Standard Electric, na época na Junqueira), com um vocabulário “sui generis” da sua origem portuense… O Eng. Vito de Oliveira, da então Emissora Nacional, em Laboratórios de Rádio, o qual, de forma curiosa, era auxiliado por um antigo aluno que concluíra este mesmo curso no ano anterior, o meu amigo e “mestre” Gante. Para terminar, uma figura que era emblemática da escola, meu professor de Oficinas de Rádio Montagem, e, de Rádio Reparação, nos terceiro e quarto anos. O “mestre” Fonseca! Não tinha apenas o mesmo nome que a Escola como parecia fazer,desde sempre, parte dela! Ficam muitos por referir, mas foi há 50 ANOS!!!
Mas, nem só em trabalho pensávamos. Nos primeiros anos vi,nos intervalos para o almoço, serem abertas a dinamite, com explosões surdas abafadas pela rocha previamente e profundamente perfurada para a albergar, as fundações para os pilares do que se apresenta nas figuras seguintes.
Recordar, com saudade (já não existe), o snack-bar e restaurante “Golo”, no Largo do Calvário, onde, além de saborear amiúde os excelentes “bitoques” que lá eram apresentados ao cliente, fiz também a minha formação em Bilhar Simples, às Três Tabelas, e, “Snooker”. Formação FUNDAMENTAL!!!
A” formação” em matraquilhos e ténis de mesa (a Escola
não os tinha…) ficou reservada para a sede
do Atlético, na altura, por cima de um banco, no Largo de Alcântara.
Muitos foram, igualmente, os passeios até à Gare
Marítima de Alcântara, quando se dava o caso de não termos alguma aula…
Enfim…
tempos que já lá vão e que, reparo agora (caramba!), há muito mais do que tinha
dado por isso!
Será
que estou a ficar velho !?!
Mário Almeida, Junho de
2014
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