sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Para um amigo tenho sempre


Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.



António Ramos Rosa, in "Viagem Através de uma Nebulosa"



Persistência da Memória, do pintor surrealista Salvador Dalí

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