24 de fevereiro de 1927:
Nasce
David Mourão-Ferreira,
escritor e pedagogo, autor de
Entre a Sombra e o Corpo e de Um
Amor Feliz
Escritor português, nasceu em
Lisboa, em 1927 e morreu, também nesta cidade, em 1996. Licenciou-se em
Filologia Românica em Lisboa, onde chegou a ser professor catedrático,
organizando e regendo, entre outras, a cadeira de Teoria da Literatura. Foi
secretário de Estado da Cultura, entre 1976 e 1979; diretor do diário A
Capital; diretor do Boletim Cultural do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e
Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1984 e 1996; diretor da revista
Colóquio/Letras; presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1984-86) e
vice-Presidente da Association Internationale des Critiques Littéraires. A sua obra
reparte-se pela poesia; pela crítica literária, como Os Ócios do Ofício, Vinte
Poetas Contemporâneos, Hospital das Letras ou Lâmpadas no Escuro (de Herculano
a Torga); pelo ensaio; pela tradução; pelo teatro; pelo romance; e também pelo
jornalismo. Embora os seus primeiros poemas datem de meados dos anos 40, a sua
atividade poética começou a ganhar relevo quando foi codiretor, a par com
António Manuel Couto Viana e Luís de Macedo, da revista Távola Redonda
(1950-1954), que, sem apresentar programa ou manifesto, se orientava para uma
alternativa poética à poesia social, baseada na "revalorização do
lirismo", exigindo ao poeta "autenticidade e um mínimo de consciência
técnica, a criação em liberdade e, também, a diligência e capacidade de admirar,
criticamente, os grandes poetas portugueses de gerações anteriores a 1950. Sem
reservas ideológicas ou preconceitos de ordem estética" (VIANA, António
Manuel Couto - "Breve Historial" in As Folhas Poesia Távola Redonda,
Boletim Cultural da F. C. G., VI série, n.º 11, outubro de 1988), atributos a
que acresciam como exigências a reação contra a "imediatez da inspiração e
contra o impuro aproveitamento da poesia para fins sociais", através do
equilíbrio "entre os motivos e a técnica, entre os temas e as formas"
(cf. MOURÃO-FERREIRA, David - "Notícia sobre a Távola Redonda" in
Estrada Larga 3, p. 392). Foi no primeiro volume da Coleção de Poesia das
Edições "Távola Redonda" que publicou a sua primeira obra poética, A
Secreta Viagem, onde se encontram reunidos alguns dos traços que distinguiriam
a sua poética posterior, nomeadamente a preferência pela temática amorosa, o
rigor formal, a continuidade e renovação da lírica tradicional como, por
exemplo, a de inspiração camoniana, ou a abertura a experiências poéticas estrangeiras.
No poema "Dos Anos Quarenta", relembra leituras nessa etapa de
iniciação poética: Proust, Thomas Mann, Rilke, Apollinaire, a "constelação
pessoana", Álvaro de Campos, "E Régio Miguéis Nemésio", bem como
as circunstâncias que rodearam essa descoberta, como o "despertar do deus
Eros", a guerra, a queda dos fascismos e a perseverança da ditadura
salazarista.
Da sua obra poética, cuja poesia
se distingue pelo lirismo culto, depurado e subtil, destacam-se os seguintes
livros: A Secreta Viagem, Do Tempo ao Coração, Cancioneiro do Natal, Matura
Idade e Ode à Música.
A obra de David Mourão-Ferreira
foi várias vezes reconhecida com prémios literários, como, por exemplo: Prémio
de Poesia Delfim Guimarães, 1954, para Tempestade de verão; Prémio Ricardo
Malheiros, 1960, para Gaivotas em Terra; Prémio Nacional de Poesia, 1971, para
Cancioneiro de Natal; Prémio da Crítica da Associação Internacional dos
Críticos Literários para As Quatro Estações; e, para Um Amor Feliz , os prémios
de Narrativa do Pen Clube Português, D. Dinis, de Ficção do Município de Lisboa
e o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores.
Ao autor foi ainda atribuído, em 1996, o Prémio de Consagração de Carreira da
Sociedade Portuguesa de Autores.
Fontes: Infopédia
Jornal I (imagem)
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