16 de Março de 1825:
Nasce Camilo Castelo Branco,
em Lisboa, autor de
Amor de Perdição e A Queda de Um Anjo
Novelista entre os anos 50 e 80 do
século XIX e um dos grandes génios da Literatura Portuguesa, Camilo Ferreira
Botelho Castelo Branco nasceu a 16 de março de 1825, em Lisboa, e suicidou-se a
1 de junho de 1890 em S. Miguel de Seide, Famalicão. Órfão de mãe aos dois anos
e de pai aos nove, passou, a partir desta idade, a viver em Vila Real com uma
tia paterna. Aos 16 anos, casou-se com Joaquina Pereira, em Friúme, Ribeira de
Pena. Em 1844, instalou-se no Porto com o intuito de cursar Medicina, acabando
por não passar do 2.º ano. Em 1845, estreou-se na poesia e no ano seguinte no
teatro e também no jornalismo.
Viúvo desde 1847, fixou-se
definitivamente no Porto a partir de 1848 (onde, em 1846, já estivera preso por
ter raptado Patrícia Emília, um dos seus tumultuosos amores, de quem teria uma
filha). De 1849 a 1851 consolidou a sua atividade jornalística, retomou o
teatro, estreou-se no romance com Anátema (1851), conheceu a alta-roda
portuense bem como os meios boémios e foi protagonista de aventuras romanescas.
Foi a partir de 1856 que atingiu a
maturidade literária (no domínio dos processos de escrita) com o romance (por
alguns autores considerado novela) Onde
Está a Felicidade?. Foi ainda neste ano que iniciou o relacionamento
amoroso com Ana Plácido, casada desde 1850 com Manuel Pinheiro Alves.
Por proposta de Alexandre Herculano, foi eleito sócio
da Academia Real das Ciências de Lisboa em 1858 - ano em que nasceu Manuel
Plácido, filho de Camilo e de Ana Plácido. Em 1860, Manuel Pinheiro Alves
desencadeou o processo de adultério: em junho foi presa a mulher e a 1 de outubro
Camilo entregou-se na cadeia da Relação do Porto. D. Pedro V visitou-o, em
1861, na cadeia, e a 16 de outubro desse ano os réus foram absolvidos.
Camilo foi o primeiro escritor
profissional entre nós. Dotado de uma capacidade prodigiosa para efabular
narrativas, conhecedor profundo do idioma, observador, ora complacente ora
sarcástico, da sociedade (sobretudo da aristocracia decadente e da burguesia
boçal e endinheirada), inclinado (por gosto, por temperamento e formação) para
a intriga e análise passionais (muitas vezes atingindo o sublime da tragédia,
como no Amor de Perdição), este genial autor romântico deixou-nos uma obra
incontornável (apesar de irregular) na evolução da prosa literária portuguesa.
De facto, foi na novela passional e no "romance de costumes" que
Camilo se notabilizou, legando-nos uma série de personagens ainda hoje
inesquecíveis, quadros e situações que valem pela espontaneidade narrativa,
pelo ritmo avassalador da ação, pela sugestão realista e ainda pela novidade
temática, como em A Queda dum Anjo. A sua versatilidade literária e criadora
(aliada à necessidade de não perder o público com a progressiva influência de
Eça e de Teixeira de Queirós) levaram-no a assimilar (depois de ter parodiado)
a atitude estética e os processos de escrita do Realismo e do Naturalismo,
visíveis nesse notável livro que é A Brasileira de Prazins e em certa medida já
iniciados com Novelas do Minho.
A sua arte de narrar constituiu,
a par da de Eça de Queirós, um modelo literário para muitos escritores,
principalmente até meados do século XX.
As suas obras principais são: A
Filha do Arcediago, 1855; Onde está a Felicidade?, 1856; Vingança, 1858; O
Romance dum Homem Rico, 1861; Amor de Perdição, 1862; Memórias do Cárcere, 1862;
O Bem e o Mal, 1863; Vinte Horas de Liteira, 1864; A Queda dum Anjo, 1865; O
Retrato de Ricardina, 1868; A Mulher Fatal, 1870; O Regicida, 1874; Novelas do
Minho, 1875-1877; Eusébio Macário, 1879; A Brasileira de Prazins, 1882.
Além destas obras em prosa
narrativa, assinale-se ainda os outros géneros (ou domínios) pelos quais se
repartiu o labor de Camilo: poesia, teatro (de que se devem destacar O Morgado
de Fafe em Lisboa, 1861, e O Morgado de Fafe Amoroso, 1865), dezenas de
traduções (do francês e do inglês), polémica, prefácios, biografia, história,
crítica literária, jornalismo e epistolografia (compreendendo mais de duas mil
cartas).
Camilo Castelo Branco. In
Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagem)
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